sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Entrevista de Dilma

"Meu governo não será um engavetador de denúncias"

Entrevista exclusiva da candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff

Octávio Costa

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DESAFIO


Dilma afirma que um dos seus principais objetivos,


se eleita presidente, é erradicar a miséria

A revista ISTOÉ elaborou uma entrevista com as mesmas 15 perguntas para os dois presidenciá­veis – tratando de temas relevantes para o País, como emprego e educação – com o compromisso de democraticamente abrir o mesmo espaço para suas ideias. O candidato


José Serra preferiu não responder. A candidata Dilma Rousseff concedeu a entrevista e a seguir publicamos o seu teor.

ISTOÉ – O Brasil cresce hoje a 7%. O que esperar dos próximos quatro anos?


Dilma Rousseff – Nos últimos oito anos, abriu-se uma nova era de prosperidade para o Brasil. Temos uma política econômica que vem dando resultados altamente positivos, com crescimento do PIB a taxas inéditas no País e com distribuição de renda. O Brasil está perto de se tornar uma das maiores potências mundiais. No meu governo, se eleita, seguirei a trajetória do presidente Lula, que criou 15 milhões de empregos com carteira assinada, reduziu a informalidade, aumentou e recuperou o poder de compra do salário mínimo, ampliou o crédito e o consumo interno, estabeleceu uma política de investimentos públicos e privados, deu estabilidade macroeconômica. Colocou o Brasil num novo patamar mundial. Mas trabalharei incansavelmente para erradicar a miséria. Já fizemos muito para chegarmos a esse objetivo, 28 milhões de pessoas saíram da linha da pobreza e outras 36 milhões ascenderam à classe média.


ISTOÉ – Há anos o Brasil sofre com uma elevada taxa de juros. O que fazer para baixá-la?


Dilma – Temos conquistado, progressivamente, taxas de juros reais menores ao longo do tempo. Eram 16% no início de 2003 e chegamos a menos de 6% nos últimos meses. Concordo que é preciso baixar mais, mas isso, infelizmente, não se consegue só com boa vontade. É preciso reunir condições para isso. Estamos aumentando o investimento e reduzindo a dívida pública. Isso permitirá uma redução adicional na Selic, que, por sua vez, diminuirá a pressão atual pela apreciação do real. Outro fator que permite a redução, sem comprometer o controle da inflação, é o crescimento da nossa produtividade.


ISTOÉ – Qual deve ser o perfil do seu futuro ministro da Fazenda?


Dilma – Não se fala em cargos e perfis, sem saber o resultado das urnas.


ISTOÉ – O BC deve continuar autônomo em relação à Fazenda?


Dilma – O Banco Central brasileiro tem autonomia operacional e isso deu muito certo. Acho que o BC é o seguinte: autonomia operacional e status ministerial no que se refere ao seu presidente.


ISTOÉ – O País tem uma das maiores cargas tributárias do mundo. Como diminuir o peso dos impostos na produção e no consumo?


Dilma – O principal foco da reforma tributária deve ser o de simplificar e racionalizar a arrecadação de impostos. Avançamos muito nos últimos anos, com desonerações e ampliação de sistemas tributários simplificados, como o Super Simples. Ainda assim, as empresas brasileiras gastam muito tempo e recursos para pagar impostos e o governo também gasta muito tempo e recursos para arrecadar e fiscalizar os impostos. Assim, minha proposta de reforma tributária vai priorizar o aumento na eficiência produtiva, tanto do ponto de vista das empresas quanto do governo. Alguns impostos podem e devem ser reduzidos, como a contribuição sobre a folha de pagamentos, serviços públicos essenciais, remédios e investimentos. Vou também construir um sistema de devolução automática de créditos, em acordo com os governadores, envolvendo os impostos e as contribuições federais e estaduais, pois um crédito não devolvido é um tributo pago indevidamente.


ISTOÉ – O Brasil precisa garantir melhor qualidade ao sistema público de saúde. É possível fazer isso sem recriar a CPMF? Como?


Dilma – Se eleita, vou construir a estrutura definitiva do SUS, o que requer financiamento compatível com suas necessidades. Vou apoiar a regulamentação da Emenda Constitucional nº 29 para fixar novos patamares de vinculação da receita e definir o que são ações e serviços públicos de saúde. Promoveremos maior equidade na distribuição dos recursos federais e estaduais para a saúde utilizando critérios epidemiológicos, de rede instalada, renda per capita, IDH e outros para corrigir as desigualdades. Aperfeiçoaremos os mecanismos de acompanhamento, monitoramento e controle social dos recursos do Ministério da Saúde e os transferidos a Estados e municípios, priorizando o combate ao desperdício e a desvios.


ISTOÉ – Quais são seus planos para o Mercosul?


Dilma – O Mercosul é uma realidade histórica com quase 20 anos de existência. Todas as iniciativas devem ser voltadas para o seu fortalecimento, não para a sua morte. Com a multipolarização do mundo, os problemas encontram cada vez mais soluções de natureza regional. É assim na Ásia, na América ou em outras regiões. Vale para questões econômicas, ambientais ou de segurança. Os últimos anos do Mercosul foram marcados por um extraordinário incremento comercial. A crise global, que abateu especialmente a indústria, afetou as transações comerciais. Mas em 2010 observamos uma forte recuperação. O fortalecimento institucional do Mercosul e uma integração produtiva maior devem fazer parte de uma agenda para o Mercosul.

“Acho que o BC é o seguinte: autonomia operacional e


status ministerial no que se refere ao seu presidente”

ISTOÉ – Como evitar que nossa Previdência Social entre em colapso, como acontece agora na Europa?


Dilma – Não precisamos de uma grande reforma na Previdência. Se houver necessidade, poderão ser realizados ajustes pontuais, para adaptar a estrutura de aposentadorias e pensões às novas realidades da economia e da sociedade.


ISTOÉ – O que fazer para melhorar o padrão educacional do Brasil?


Dilma – O grande salto para um país verdadeiramente desenvolvido é a educação de qualidade, desde a creche até a pós-graduação. E tenho absoluta convicção de que não chegaremos a este lugar se não investirmos fortemente no professor, na sua carreira, na sua formação, no seu salário. Este será um dos grandes investimentos de meu governo, se for eleita.


ISTOÉ – Hoje o Brasil bate recordes na geração de empregos. Qual a sua política para manter esse ritmo?


Dilma – A taxa de desemprego de 6,9% aponta para um quase pleno emprego. E isso graças aos sucessivos recordes de geração de empregos nos últimos anos. Vamos fechar em algo em torno de 15 milhões, com carteira assinada. A receita para continuar gerando empregos é: fortalecer as políticas sociais; continuar investindo em infraestrutura; estimular a produção; apoiar o agronegócio e a agricultura familiar; fortalecer as micro e pequenas empresas. E manter as políticas sociais que estimulam o consumo das famílias, além da política de valorização do salário mínimo. Mas tenho duas propostas que serão decisivas para avançar ainda mais: a desoneração da folha de pagamentos, reduzindo a alíquota de contribuição patronal, o que beneficiará principalmente os setores intensivos em mão de obra, como calçados, alimentos, têxteis; e a criação do Ministério das Micro e Pequenas Empresas, que permitirá aprimorar todas as políticas voltadas a este segmento, dando-lhe mais competitividade e, desta forma, ampliando a capacidade da economia brasileira de gerar empregos de qualidade.


ISTOÉ – Como será a relação do governo com o MST?


Dilma – Como foi no governo do presidente Lula, sempre com diálogo. Nós não tratamos movimentos sociais com cassetete nem com repressão. Não apoiamos nenhuma ação que fuja da legalidade, mas também não fechamos as portas do diálogo para resolver conflitos.


ISTOÉ – Como preservar o meio ambiente fazendo o Brasil crescer?


Dilma – No governo Lula, demonstramos que é possível crescer, distribuir renda e ser ambientalmente sustentável. Este é o modelo de desenvolvimento que perseguimos e que continuarei perseguindo. Tenho proposta clara para o desenvolvimento sustentável do Brasil. Entendo ser fundamental, por exemplo, avançar na agenda da sustentabilidade em todos os segmentos de políticas públicas. No PAC 2 já previmos investir R$ 9,7 bilhões no período 2011-2014 em fontes alternativas de geração de energia, em especial eólica e biomassa. Temos o compromisso com a implementação da Política Nacional de Mudanças Climáticas e vamos consolidar os acordos setoriais no âmbito do Plano Nacional de Mudanças Climáticas. O grande avanço que tivemos nesses oito anos e que continuará sendo a marca da nossa gestão, se eleita for, é a vinculação da questão social e da ambiental. Consolidar este modelo de desenvolvimento nos levará a uma situação de maior justiça social, valorização dos nossos recursos naturais e preservação da nossa biodiversidade.


ISTOÉ – É necessária uma mudança na matriz energética brasileira?


Dilma – O governo Lula deixará um legado importantíssimo para os quatro anos do próximo governo, que é a contratação de 100% da oferta necessária para atender à demanda de energia elétrica no Brasil, com o País crescendo a taxas desejáveis. Não farei diferente. A minha experiência no setor – que é grande – mostra que a política de geração de energia elétrica no Brasil deve sempre priorizar, como fizemos no governo Lula, a modicidade tarifária, a segurança do abastecimento e uma matriz energética renovável. Lembro que uns 47% de toda energia que produzimos no Brasil é proveniente de fontes renováveis, com destaque para a hidreletricidade, os biocombustíveis e as energias alternativas – biomassa, pequenas centrais hidrelétricas e eólica. É sempre bom lembrar que a hidreletricidade abasteceu 85% de nossa demanda de energia elétrica em 2009. E só utilizamos um terço do potencial energético de nossos rios para a geração de eletricidade, o que significa que temos todas as condições para manter elevada a participação das energias renováveis nos próximos anos, principalmente com a entrada em operação das hidrelétricas do rio Madeira e de Belo Monte. A fonte hidráulica, tão abundante em nosso país, com toda certeza terá papel preponderante na próxima década. Todavia, para que aproveitemos de forma racional as características dessa energia, será preciso completá-la com fontes alternativas também renováveis.

“Alguns impostos podem e devem ser reduzidos,


como a contribuição sobre a folha de pagamentos,


serviços públicos essenciais, remédios e investimentos”

ISTOÉ – A ONG Transparência Internacional mostra que o Brasil ocupa uma vergonhosa 69º posição no ranking da percepção de corrupção. O que fazer para mudar isso?


Dilma – Não vou vender para a população a ideia de que as coisas são perfeitas e de que não vai acontecer nada. Um governo se mede pela capacidade que tem, não de garantir que não haja nada, mas de, em havendo, tomar providências, investigar e punir. O governo do presidente Lula não foi – e o meu, caso eleita, não será – um engavetador de denúncias, como aconteceu no passado. É importante lembrar, também, que fortalecemos e valorizamos os órgãos investigativos, como a CGU e a Polícia Federal.


ISTOÉ – Qual a melhor maneira de enfrentar o déficit habitacional brasileiro? Construindo casas populares ou facilitando o crédito para a população de baixa renda?


Dilma – Com o Minha Casa Minha Vida, que terá atenção especial em meu governo. Nós retomamos no País o papel do Estado na política habitacional, por meio desse programa. Se os mais pobres não têm condições de pagar a prestação de uma casa própria, o Estado tem que subsidiar. Mas esta é uma política também para reaquecer o setor da construção civil, que é grande empregador. Vamos continuar nessa linha, mantendo crédito e financiamento. Fizemos o Minha Casa Minha Vida, que coordenei pessoalmente como ministra-chefe da Casa Civil, e já temos prevista a segunda edição do programa para o período 2011-2014. Serão construídos dois milhões de moradias com investimentos de R$ 71,7 bilhões. É importante lembrar que 60% das unidades habitacionais serão destinadas a famílias com renda de até 2,4 salários mínimos.

Fonte: Revista Isto é

Duas eras em confronto - Parte 1

Duas eras em confronto - Parte 1

PT e PSDB comandaram o País nos últimos 16 anos. Conheça quais são as diferenças entre as gestões e tenha mais elementos para definir o seu voto

Amauri Segalla e Luiza Villaméa

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TRUNFOS


A marca do governo Lula é o pré-sal. Na gestão tucana, as privatizações.


Abaixo, FHC com Wilma Motta, viúva de Sérgio Motta,


e Mendonça de Barros, que caiu após escândalo

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A eleição do domingo 31 não vai apontar apenas o nome do vencedor da corrida presidencial. Ela também simboliza um inédito confronto entre os partidos que dominaram a cena política nos últimos anos – o PT e o PSDB. Pela primeira vez, os brasileiros terão como base de comparação dois períodos precisos, que duraram exatamente oito anos, e que ficaram marcados por diretrizes econômicas e ações políticas divergentes na maioria das vezes. O PSDB deteve o poder de 1995 a 2002, com o presidente Fernando Henrique Cardoso. Desde 2003, é o PT quem dá as cartas por intermédio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A despeito de convicções ideológicas, tão exacerbadas nestes tempos de eleição, os dois inegavelmente estão na lista dos líderes mais importantes da história do Brasil. Ambos tiveram méritos e defeitos, erros e acertos, e é impossível não creditar à dupla o excepcional momento vivido pelo País. Mas, afinal, como comparar os dois governos? Por mais que um lado ou outro possa reclamar, não há forma mais justa de avaliar as duas eras do que colocar na mesa de discussões os indicadores de cada gestão. Foi isso o que ISTOÉ fez, no levantamento mais completo já realizado a respeito dos dois governos.

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Principalmente nas áreas econômica e social, a análise dos números indica que a gestão petista tem resultados melhores para apresentar. Nesse aspecto, o primeiro dado que chama a atenção é a evolução do Produto Interno Bruto (PIB), que traduz o aumento da riqueza de um país. Nos dois mandatos de FHC, a taxa média anual de crescimento foi de 2,3%. Nos governos Lula, o índice será de 4% (considerando uma alta do PIB de 7,5% em 2010, embora analistas independentes acreditem que a taxa possa chegar a 8%). Lula também conseguiu uma proeza notável: elevou a renda per capita brasileira a US$ 10 mil, um marco que aproxima o índice brasileiro do indicador observado em países desenvolvidos. Nesse ponto, FHC não brilhou. Entre 1995, primeiro ano do governo Fernando Henrique, e 2002, quando ele deixou o poder, a renda per capita brasileira caiu de US$ 4,85 mil para US$ 2,86 mil. Em defesa de FHC, é importante lembrar que ele enfrentou duas sérias crises (da Ásia e da Rússia), que causaram estragos mundo afora.

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REMÉDIO


O PSDB popularizou os genéricos, medicamentos mais baratos

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ALIMENTO


O PT criou o Bolsa Família, que tirou brasileiros da miséria

Para muitos especialistas, o principal acerto econômico do governo Lula foi a política de crédito. “A expansão brutal do crédito dinamizou a economia”, diz Aldo Fornazieri, diretor da Escola de Sociologia e Política de São Paulo. “Ela gerou empregos, estimulou investimentos das empresas e blindou o Brasil diante das crises financeiras internacionais.” Com empréstimos mais acessíveis, as pessoas passaram a comprar mais bens, o que contribuiu para o aumento da produção industrial, mobilizada para atender à crescente demanda. Nesse ciclo, mais empregos foram gerados e, como consequência, veio o aumento da renda da população. Um dos efeitos colaterais dessa lógica capitalista é a alta inflacionária, em geral associada ao consumo desenfreado. Com metas de inflação rigorosamente cumpridas, o governo Lula não foi vencido por esse mal. No quesito controle de preços, motivo de orgulho para os tucanos, Lula também obteve um desempenho destacado. Na era Fernando Henrique, a inflação média foi de 9,1%. Nos oito anos de governo Lula, o índice deverá fechar abaixo de 6% – número surpreendente diante dos recorrentes argumentos utilizados pelos defensores de FHC, de que Lula supostamente levaria o País ao abismo inflacionário. “Lula demonstrou uma responsabilidade econômica que foi fundamental para o desenvolvimento do País”, diz o cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasília.

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Justiça seja feita, Fernando Henrique herdou um quadro econômico muito mais complicado do que Lula. Inflação desenfreada, desconfiança internacional, empregos em declínio, investimentos minguados, tudo isso elevou de forma significativa os desafios colocados diante de seu governo. Ao PSDB deve ser atribuído o feito histórico de, enfim, consolidar no País uma moeda forte – o real –, que permitiu que os brasileiros controlassem suas despesas e planejassem melhor o futuro. A estabilidade econômica representou uma virada brutal, que fixou os alicerces necessários para sustentar o crescimento que viria mais adiante. Por sua vez, o PT pegou a casa relativamente arrumada, pronta para avançar num ritmo mais intenso. Lula, porém, foi suficientemente inteligente para prosseguir apostando no que funcionava. “Um dos méritos de Lula foi ter dado continuidade às políticas fiscal e monetária do governo Fernando Henrique”, diz Fleischer.

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ENERGIA


Acima, apagão no governo FHC.


Abaixo, Lula no anúncio do pré-sal

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Embora a condução da política econômica tenha convergido em alguns pontos, as eras PSDB e PT possuem características muito distintas. Qual é a marca principal de cada governo? No caso FHC, seu maior legado foi a estabilidade da moeda, façanha reconhecida por economistas de qualquer inclinação ideológica. No campo das realizações, Fernando Henrique se notabilizou pelas privatizações. Apesar das críticas, o processo de venda das estatais trouxe a melhoria dos serviços e foi fundamental para a multiplicação dos resultados financeiros das empresas. Algumas delas – como as de telefonia – estiveram envoltas em suspeitas de favorecimento a grandes grupos econômicos, denúncia que culminou na demissão do então ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, e do presidente do BNDES à época, André Lara Resende.

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PARTE 2

Fonte: Revista Isto é

Desemprego cai para 6,2% em setembro

A taxa de desocupação atingiu 6,2% em setembro, valor mínimo da série histórica. A cifra representa queda de 0,5 ponto percentual em relação à taxa de 6,7% registrada em agosto.

Os dados foram divulgados hoje (21/10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em relação a setembro de 2009, o desemprego caiu 1,5 ponto percentual.

No mês, foram criadas 19 mil postos de trabalho, e o total de ocupados atingiu 22,3 milhões de pessoas.

O rendimento real médio dos trabalhadores avançou 1,3% na comparação mensal, e 6,2% ante setembro de 2009, para R$ 1.499,00.

Regiões – A taxa de desemprego recuou em todas as regiões metropolitanas analisadas. A maior queda foi registrada em Salvador, de 1,5 ponto percentual, para 10,3%. Dentre as regiões da pesquisa, Salvador possui a taxa de desemprego mais alta.

Em comparação com julho, o rendimento médio aumentou em todas as regiões. As maiores altas, na comparação com o mês anterior, ocorreram no Rio de Janeiro (2,7%), Recife (1,9%) e Belo Horizonte (1,7%).

*Matéria originalmente publicada no Brasil Econômico

Brasil Economico

Os elefantes brigam

Não se enganem, este aperto de mão é, de fato, uma queda de braço. Por Antonio Luiz M. C. Costa. Foto: Jason Lee/Reuters/Latinstock

Não se enganem, este aperto de mão é, de fato, uma queda de braço

A guerra cambial foi declarada entre as maiores potências. O primeiro a usar a expressão foi o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao deixar de lado os eufemismos e dar nome aos bois em reunião na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em 27 de setembro, dias antes de criar novas restrições à entrada de divisas estrangeiras e dirigir-se à reunião do FMI e Banco Mundial em Washington. Desde então, a expressão ganhou as manchetes da imprensa internacional e o palavreado diplomático sobre cooperação internacional para retomada do crescimento foi deixado de lado.

A frente principal dessa guerra é a batalha entre os EUA e a China. A moeda­ chinesa valorizou 21% de julho de 2005 a julho de 2008, quando a taxa de câmbio foi congelada por Pequim para proteger as exportações durante a crise. Desde julho de 2010, os chineses permitiram uma valorização cautelosa, mais 2% até agora. Washington insiste em que o yuan deveria valorizar entre 20% e 40%. O Congresso aprovou uma lei que permite impor sobretaxas a produtos chineses, sempre que indústrias estadunidenses se queixem de que a taxa de câmbio dá uma vantagem desleal a seus concorrentes, ameaçando acrescentar a guerra comercial à guerra cambial.

Jean-Claude Trichet e demais autoridades monetárias europeias somaram sua pressão à dos EUA.

Pequim continua a resistir com os seus consideráveis recursos. Com uma taxa de crescimento confortável (9,5% no terceiro trimestre, comparado ao mesmo período de 2009), mas inflação em alta (perto de 3,5% no ano até agosto), a China poderia controlá-la valorizando sua moeda para baixar os custos das importações, mas preferiu elevar seu juro básico de 2,25% para 2,5% em 19 de outubro, pela primeira vez desde 2007. Pode ser o início de uma série de ajustes que frearão sua taxa de crescimento e a demanda mundial de commodities, dificultando ainda mais uma recuperação global. Quando brigam os elefantes, quem mais sofre é a grama, dizem os africanos.

Apesar da crise e da retração do consumo, que deveriam colaborar para conter importações e estimular exportações, o déficit do balanço de pagamentos dos EUA voltou a crescer. De 31 bilhões de dólares, em 1991, subiu para 104 bilhões, em 1996, e explodiu para 166 bilhões, em 1998 264 bilhões, em 1999 e 379 bilhões em 2000. Caiu ligeiramente, para 364 bilhões com a crise de 2001, mas depois voltou a aumentar continuamente até o auge de 759 bilhões, em 2006. Manteve-se perto dos 700 bilhões nos anos seguintes, para despencar 46%, para 375 bilhões, em 2009 – mas caiu apenas 15% com a China e 65% com o resto do mundo. Nos primeiros oito meses de 2010, foi de 335 bilhões, que aponta para um déficit superior a 500 bilhões no ano. A China representa quase a metade desse valor.

A crise não corrigiu, portanto, os desequilíbrios comerciais. O ajuste cambial chinês resolveria? Dificilmente: dada a diferença entre salários e custos de produção nos EUA e China, uma variação de 20% no câmbio não chegaria a tornar os produtos estadunidenses acessíveis aos trabalhadores de Xangai nem os produtos chineses ficariam caros demais em Nova York.

Não é apenas a percepção dos chineses, mas também de boa parte do mercado financeiro, que o governo de Barack Obama exige o impossível. Stephen Roach, presidente do Morgan Stanley Asia, diz que ajustes pelo câmbio não funcionaram para o Japão nos anos 80, como também não têm funcionado para os EUA, apesar de esses desvalorizarem sua moeda desde 2002: seria preferível que a China ampliasse sua previdência social para estimular seus trabalhadores a consumir. Glenn Maguire, economista do Societé Générale, em Hong Kong, reconhece que os chineses não podem aceitar­ uma valorização tão brusca. Essa acabaria por ser igualmente prejudicial aos EUA, que abandonaram grande parte das indústrias de mão de obra intensiva, cujos produtos hoje importam do Oriente. Se deixarem de comprar dos chineses, terão de importá-los de outro lugar.

Parte do déficit de Washington com Pequim seria redistribuída entre outros países, sem que o total baixe significativamente – para países recém-industrializados, como o Vietnã, por exemplo, quebrando empresas chinesas. Criaria problemas sociais e políticos para Pequim e obrigaria migrantes a voltar para o campo, como fez notar o primeiro-ministro Wen Jiabao. Ele propõe, em vez disso, que os EUA reformem suas estruturas de investimento e poupança e retirem restrições a vendas de produtos estratégicos e de alta tecnologia para a China – tais como produtos para a indústria aeroespacial e de informática –, que têm sido endurecidas desde 2007 e caíram de 18,3% de todas as exportações estadunidenses para o país, em 2001, para apenas 6,3%, em 2008.

A Obama, por sua vez, não restam muitas alternativas. A assessoria de Nouriel Roubini reduziu para 1,5% sua projeção de crescimento do PIB dos EUA em 2011, que ainda em junho os economistas ouvidos pelo Fed estimavam entre 3,5% e 4,2% (e, oficialmente, ainda é projetado em 2,5%). O pacote de estímulo que conseguiu aprovar no início do mandato não bastou para reverter o crescimento do desemprego e não lhe resta capital político para aprovar outro. Está com as mãos atadas para promover novas medidas progressistas. Tentar ser duro com os chineses com o maior alarde possível é tudo o que pode fazer para conter o estrago para seu partido nas eleições de novembro e sustentar a governabilidade nos difíceis anos de paralisia legislativa que virão.

Mesmo ante esse quadro, ninguém pode acusar os bancos de serem pessimistas. “A situação global se deteriora satisfatoriamente”, diz o relatório de outubro do Bradesco. Segundo o economista-chefe do banco, Octavio de Barros, a estagnação internacional não sugere novas rodadas de crise sistêmica, mantém baixa a inflação e os juros mundiais e brasileiros e assim colabora para que o Brasil continue a atrair investimentos e financiamentos.

O problema é que o excesso de otimismo é, em si, uma má notícia. Atrair mais recursos do que é possível aplicar de maneira produtiva é perigoso, como descobriram os que levaram ao pé da letra o entusiasmo de analistas financeiros pelos “mercados emergentes” no início dos anos 90, pelas empresas pontocom em fins dos anos 90 ou pelos derivativos do mercado hipotecário estadunidense antes de 2008. Todo mundo parece ganhar muito enquanto a pirâmide cresce, mas, quando ela chega a seus limites e desmorona, o resultado é pobreza súbita e estagnação prolongada para quase todos, com exceção dos mais espertos e bem informados.

Em 1997-1998, quando as crises mexicana, asiática, russa e brasileira desinflaram a bolha da especulação com os países “emergentes”, o Federal Reserve, banco central dos EUA então comandado por Alan Greenspan, resgatou o fundo LTCM e inundou o mundo com dólares para a ciranda financeira continuar a girar e proporcionar rendimentos de dois dígitos. O resultado foi a bolha pontocom. Quando o estouro desta foi seguido por uma série de escândalos financeiros (dos quais o da Enron foi o mais ruidoso) e pela ansiedade após o 11 de Setembro, o Fed interveio de novo para cortar juros e inflar a bolha imobiliária, até vê-la estourar em 2008, desta vez com consequências mais sérias e duradouras.

Tentando empurrar outro ciclo com a barriga, o Fed de Ben Bernanke volta a inundar o mundo com crédito em dólares e títulos do Tesouro – a chamada flexibilização quantitativa ­(quantitative easing) – o que até agora, sem dúvida, tem possibilitado a Wall Street fechar seus balanços com lucro e a seus executivos voltar a embolsar bônus milionários.

O objetivo é manter as taxas baixas para permitir aos bancos dos EUA “encontrar a saída” da crise na qual meteram a si mesmos e grande parte do mundo sem promover novos pacotes de estímulo ou maiores aumentos de gastos públicos. Até porque a provável vitória dos republicanos nas eleições legislativas aumentará ainda mais a pressão para cortá-los (exceto, é claro, no que se refere às despesas militares), aumentando a necessidade de uma bolha que substitua o crescimento da economia real.

O Banco Central Europeu age de maneira semelhante, procurando proteger seus bancos da fragilidade financeira dos países do Sul da Europa, os PIIGS, ao mesmo tempo que todo o continente embarca em medidas de “austeridade” que reduzem a demanda interna, pública e privada.

O que acontece com dinheiro barato quando o setor produtivo não pode investir? Não encontrando aplicação no mercado interno, em que o consumo e o emprego seguem estagnados (nos EUA, um terço das famílias tem mais dívidas que ativos) ou tendem a cair mais ainda, dólares e euros fluem para uma nova rodada de especulação financeira no exterior, com títulos, ações e dívidas do Japão e de países periféricos, principalmente os BRIC.

Procurando minimizar suas aplicações em dólares, a China também tem comprado títulos de dívida do Japão (27,4 bilhões de dólares nos primeiros sete meses de 2010), apesar de seu baixo rendimento, o que contribui para valorizar ainda mais a moeda japonesa. O Japão respondeu à dupla pressão oferecendo recursos de vulto (355 bilhões de dólares) às suas instituições financeiras a custo praticamente nulo (0,1% ao ano). Mas assim como os EUA e a Europa, não se atreve a novos pacotes de estímulo direto ao setor produtivo, a não ser em valor simbólico (10,9 bilhões de dólares).

Considere-se, por exemplo, o Brasil: a margem de arbitragem (diferença das taxas de juro) entre os rendimentos dos títulos brasileiros de longo prazo, perto de 12%, e a dos títulos dos EUA (1%). A isso deve somar-se o ganho com a valorização do real, 37% de dezembro de 2008 (dólar a R$ 2,33, real a 43 cents) até hoje (dólar a R$ 1,69, real a 59 cents): nada menos de 66% em 22 meses, ou um rendimento médio de 32% ao ano, que pode ser multiplicado dez ou cem vezes se alavancado por meio de derivativos.

No Japão, o ganho relativo é menor, pois os rendimentos dos títulos japoneses são nulos e a variação cambial é menor (de 91,21 ienes por dólar a 81,61 no mesmo período, perto de 12%), mas o volume das operações pode ser bem maior e os riscos aparentes são menores. A maior das jogadas, naturalmente, seria a valorização da moeda chinesa.

Os bancos centrais do mundo se veem num dilema: ou permitem a entrada massiva de dólares que supervaloriza suas moedas e tornam proibitivas suas exportações, o que logo faria a bolha estourar e suas economias implodirem, ou compram títulos do Tesouro dos EUA com rendimento real nulo e valor em queda, ou tentam mudar as regras do jogo, impondo controles de capital ou recorrendo a transações em outras moedas.

No caso do governo do primeiro-ministro Naoto Kan, a resposta veio na forma de esterilização da especulação financeira por meio de compra, pelo Banco do Japão, de títulos públicos e de dívida de empresas, fundos imobiliários e outros, além de redução do juro básico do já simbólico 0,1% ao ano para “entre zero e 0,1%”. A China também procura reciclar seu excedente comercial comprando empresas no exterior, mas é restringida, principalmente nos EUA, pela pressão política contra aquisições chinesas em setores estratégicos.

No Brasil, para conter a entrada desmedida de divisas estrangeiras, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, instituiu desde 2009 uma alíquota de 2% no IOF para investimentos estrangeiros em renda fixa e ações, elevou-a para 4%, no caso de aplicações financeiras em 4 de outubro (mantidos 2% para investimentos diretos em ações e derivativos). Não foi suficiente: a entrada de dólares em outubro continuou alta e a taxa de câmbio voltou a cair. Em julho, o Brasil recebeu, em média, 67,7 milhões de dólares diários e em agosto, 54,7 milhões.

Em setembro, esse indicador saltou para 796 milhões – dos quais 368 milhões, pouco menos da metade, corresponderam à captação da Petrobras (7,7 bilhões de dólares de estrangeiros). Nos primeiros oito dias úteis após a elevação, a média permaneceu em 273 milhões (apenas 36% abaixo de setembro sem Petrobras e o quádruplo de agosto) e o dólar continuou a cair. Apesar dos protestos do mercado financeiro, que queria isentar fundos de ações, duas semanas depois o ministro da Fazenda elevou o dique – embora Arminio Fraga, em nome das bolsas, proteste e diga que um câmbio abaixo de 1,60 real “não está necessariamente errado para o País hoje”.

Além de aumentar de 4% para 6% o IOF para aplicações estrangeiras no mercado financeiro, elevou-o de 0,38% para 6% no caso de operações de câmbio para constituir garantias para derivativos (bolsas de valores, mercadorias e futuros) em dinheiro ou títulos públicos. A Tailândia agiu de maneira semelhante, estabelecendo um imposto de 15% sobre o lucro de capital e rendimentos por juros derivados de investimento estrangeiro na dívida soberana. Se também isso não funcionar, o próximo passo serão controles de capitais, que até o diretor-geral do FMI, Dominique Strauss-Kahn, está disposto a defender em caso de “boom nos empréstimos com moeda estrangeira para tomadores de empréstimo desprotegidos”.

Se a escalada continuar nessa direção e avançar pela guerra comercial, a arquitetura econômica e financeira da era da globalização será inviabilizada, incluindo a OMC, o Banco Mundial e o próprio FMI, que hoje, na prática, está reduzido a arbitrar os problemas europeus. Há o risco de se voltar aos padrões dos anos 30 ou 50, com taxas de câmbio duais, sistemas paralelos para o comércio e as finanças e fuga das moedas usadas por especuladores internacionais. A pressão inflacionária seria, nesse caso, devolvida para os EUA e Europa.

As chances de um acordo como o do Hotel Plaza de 1985, no qual europeus e japoneses concordaram em deixar suas moedas valorizarem ante o dólar, são mínimas. O mundo tornou-se mais complicado e os interesses mais divergentes. O máximo que se pode esperar da reunião do G-20, em Seul, marcada para 11 e 12 de novembro, é uma maior clareza sobre as linhas de frente dessa guerra e as armas que cada lado se dispõe a usar.

Antonio Luiz M. C. Costa

Antonio Luiz M.C.Costa é editor de internacional de CartaCapital e também escreve sobre ciência e ficção científica.

ANP deve anunciar maior descoberta de petróleo do País

Poço Libra pode ser superior a Tupi, da Petrobras, e pode chegar a 12 bilhões de barris

Divulgação

Petrobras

Nova descoberta poderá ser maior que o poço de Tupi

Brasília - A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) deve anunciar hoje as estimativas de reservas do Poço Libra, que está sendo perfurado no pré-sal da Bacia de Santos. Segundo fontes, a expectativa é de que seja a maior descoberta já anunciada no País, superior a Tupi, da Petrobras, podendo chegar a 12 bilhões de barris.

“Minha expectativa é que amanhã (hoje) teremos novidades”, afirmou ontem o diretor-geral da ANP, Haroldo Lima, em rápida entrevista após a cerimônia no Rio que comemorou o início da produção de petróleo na plataforma Cidade de Angra dos Reis, instalada no Campo de Tupi. Lima não quis, porém, dar detalhes sobre o anúncio, alegando que a agência necessitava analisar as últimas informações.

A dois dias do segundo turno das eleições, o anúncio da ANP fecha uma semana intensa em eventos no setor de petróleo. Só a Petrobras promoveu duas inaugurações, uma delas com presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e dois anúncios de patrocínios a projetos sociais e ambientais, provocando críticas sobre o uso eleitoral da empresa. “Não tem nada a ver”, respondeu a diretora da ANP, Magda Chambriard, quando questionada se havia relação entre o anúncio do tamanho de Libra e as eleições.

Segundo Lima, até o final da análise dos dados, a ANP mantém o cenário moderado elaborado há dois meses pela consultoria Gaffney, Cline & Associates (GCA), que projeta reservas em até 7 9 bilhões de barris. A própria GCA, porém, tem um cenário otimista no qual aponta até 16 bilhões de barris. Segundo fontes é possível que o anúncio da ANP fique entre 8 e 12 bilhões de barris. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: Revista Exame

Atualidades

Transferência de Tecnologia é a chave da proposta da BAE System á Marinha do Brasil



A BAE Systems apresentou ontem uma proposta detalhada para a Marinha brasileira para o fornecimento de um pacote de navios para cumprir o seu ambicioso programa de renovação da frota através de um acordo total de transferência de tecnologia, com os navios a serem construídos no Brasil. A proposta surge após o recente Acordo de Defesa e Cooperação entre os governos do Brasil e do Reino Unido e marca o último passo no sentido de aumentar o comércio bilateral entre os dois países. Baseado nas capacidades da BAE Systems em seus projetos, que inclui o fornecimento de cinco navios de patrulha oceânica, um navio de apoio logístico e cinco navios de escolta, bem como um serviço de suporte global da logística. Importante, a proposta também estabelece regras aprovadas pelo governo do Reino Unido para uma parceria brasileira na concepção e desenvolvimento do novo navio multi-função - Global Combat Ship.

Alan Johnston, Diretor da BAE Systems, divisão de navios de superfície, disse: "Acreditamos que esta abordagem de parceria estratégica, combinada com nossos projetos de navios comprovados, vai trazer força para a indústria brasileira e dar confiança á Marinha do Brasil em nossa capacidade de oferecer uma efetiva e acessível solução para atender seus requisitos futuros de capacidade naval. "

A BAE Systems tem um longo histórico de colaboração com a Marinha do Brasil e sua participação em projetos como as fragatas classe Niterói Brasil, fornecidos pela Companhia na década de 1970. A última proposta busca projetado atingir os objetivos estabelecidos no Brasil pela Estratégia Nacional de Defesa (END),para aumentar a capacidade de sua industria nacional, permitindo que o país desenvolva de forma independente a construção naval de forma sustentável e a capacidade de apoio marítimo.

"Estamos em discussões sobre a proposta com uma série de potenciais parceiros da indústria no Brasil, incluindo estaleiros e desenvolvedores de sistemas de combate", acrescentou Johnston. "Estamos trabalhando ativamente para formalizar esses acordos e forneceremos mais detalhes no devido tempo."

A BAE Systems incluí na proposta um navio de patrulha oceânica de 90 metros, baseada na Classe "River", comprovada e em uso com a Royal Navy. Ele usa a plataforma central idêntica à do navio a ser construído na Tailândia no âmbito de um acordo similar de transferência de tecnologia, com sistemas e equipamentos adaptados às necessidades da Marinha do Brasil. Além disso, a empresa propôs uma variante da Marinha Real britânica da Classe "Wave", adaptados para atender as necessidades específicas da Marinha do Brasil.

A nova geração de navios, o Global Combat Ship está sendo desenvolvido para ser acessível e facilmente adaptável às rápidas mudanças na demanda de defesa do teatro moderno de operações. A parceria entre o Reino Unido e o Brasil, tornam viável esse projeto, significando redução de custos através de um projeto racionalizado, construção e operações de processo de aquisição, manutenção e apoio compartilhados. Ele também proporciona ao Brasil a oportunidade de influenciar no design e o acesso à formação de seu pessoal no padrão da Royal Navy.


Retrato da Empresa:

A BAE Systems é uma empresa global de defesa, segurança e companhia aeroespacial, com aproximadamente 107.000 colaboradores em todo o mundo. A Companhia oferece uma gama completa de produtos e serviços na áreas terrestres, aéreas e navais, bem como eletrônicos avançados, segurança, soluções de tecnologia da informação e serviços de apoio ao cliente. Em 2009 a BAE Systems anunciou vendas de 36,2 bilhões dólares.

Fonte: Defense & Professional

Tradução: Angelo D. Nicolaci

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A ilusão do BRIC


O principal legado do presidente Lula no campo da política externa é o fortalecimento das parcerias do Brasil com outras potências emergentes, sobretudo os países do Bric.

O comércio com a China está em expansão.

Entrou em vigor um acordo de isenção de vistos entre Brasil e Rússia. As relações com a Índia nunca estiveram melhor. O Brasil está certo de querer forjar vínculos bilaterais mais estreitos com os gigantes asiáticos emergentes.

Mas, embora o Brasil deva fortalecer os vínculos individualmente, o próximo presidente brasileiro deve tomar cuidado para não levar a aliança Bric demais a sério. A marca melhorou a imagem do Brasil, mas juntar forças e apostar na importância estratégica da aliança não pode senão resultar em decepção.

A marca Bric, criada pelo banqueiro Jim O’Neill, não vai sobreviver a longo prazo.

Que o acrônimo Bric tenha deixado de ser mero termo de investimento para se tornar uma realidade política não é sinal de presciência de O’Neill. O triunfo da marca Bric e sua aceitação entusiástica até por parte de seus “membros”, apesar de suas inadequações, indicam o anseio não satisfeito das potências emergentes de compreenderem um mundo cada vez mais complexo, e que lugar nele lhes cabe.

O desafio de encontrar maneiras categóricas de entender o mundo tem precedentes. Historicamente, acadêmicos buscaram estabelecer distinções entre países ao classificálos por categorias e blocos organizados de acordo com diferentes variáveis.

Em 1946, Winston Churchill estabeleceu tal conceito quando introduziu a ideia da Cortina de Ferro.

Pouco depois, Alfred Sauvy cunhou o termo Terceiro Mundo, ajudando seres humanos a entenderem o sistema internacional.

Atualmente, esses modelos já não têm significado, e há muitas propostas para novas maneiras de se repensar a realidade geopolítica. Quando criou os Brics, O’Neill estava apenas considerando aspectos econômicos; sendo assim, os países que ele escolheu eram muito heterogêneos. O Brasil e a Índia são duas democracias que ainda não estão plenamente estabelecidas na atual ordem mundial, enquanto a China e a Rússia, dois regimes não democráticos, são poderes estabelecidos desde 1945. Os quatro discordam sobre quase tudo, incluindo mudança climática, direitos humanos e a reforma da governança global.

Apesar de todos estes fatores, o termo Brics virou um conceito chave entre analistas. Os líderes do Brasil, da Índia, da Rússia e da China começaram a se referir a eles mesmos como “membros do Bric”. Em 2009, os presidentes Lula e Hu Jintao e os primeirosministros Medvedev e Singh encontraram-se em São Petersburgo para uma cúpula do Bric.

Por que os quatro líderes decidiram juntar-se e transformar a categoria de investimentos de O’Neill em realidade política? O que mais os unia parecia ser seu interesse comum em mudar a maneira como o mundo era conduzido. Após o otimismo inicial e os grandes anúncios de uma “nova ordem mundial”, no entanto, os membros do Bric deram-se conta de que suas posições eram demasiadamente divergentes para concordarem sobre quaisquer medidas específicas. A categoria de O’Neill é ampla demais para ser significativa.

O que o sucesso da marca Bric realmente mostrou é que os acadêmicos e investidores não são os únicos a buscar uma categoria que possa capturar a realidade. Chefes de Estado anseiam, igualmente, por uma maneira significativa de compreender o mundo. Os quatro líderes encontraramse em São Petersburgo essencialmente para “experimentar” a categoria que O’Neill tinha inventado para eles. Em vez de apontar para as semelhanças, seu comportamento refletia o forte desejo de entender a que categoria eles pertenciam. Em um mundo de rápidas mudanças, onde parâmetros tradicionais tais como ocidente e oriente, norte e sul e rico e pobre já não orientam as potências emergentes, colocar o “chapéu Bric” foi apenas outro episódio, embora certamente não o último, na busca complexa de sua identidade e de seu lugar em um mundo que vão, em breve, dominar.

OLIVER STUENKEL é cientista político.

Fonte: O Globo Via Plano Brasil

Medida do Reino Unido poderá ver aeronaves Rafale da França nos porta-aviões britânicos


A decisão do Governo do Reino Unido de equipar com catapultas seus dois novos porta-aviões abriu a possibilidade dos caças franceses Dassault Rafale operarem a bordo das embarcações britânicas, com a reciprocidade das aeronaves inglesas utilizarem o convés de voo do porta-aviões francês, disse o Ministro de Defesa da França Hervé Morin, durante uma entrevista na exibição Euronaval, nesse dia 26 de outubro, na França.

Morin solicitou a sua equipe de militares franceses para verificar se a instalação das catapultas poderia permitir que as aeronaves francesas, como o Rafale, poderiam operar a bordo da embarcação da Royal Navy, e a resposta foi: “Sim, isso é tecnicamente viável,” disse ele aos jornalistas.

Isso abriu uma potencial oportunidade de uma interoperabilidade e de interdependência mútua entre as frotas britânicas e francesas, disse ele. Com tal cruzamento de operações embarcadas veio a possibilidade de uma “permanente presença no mar,” disse ele. “Nós temos uma complementaridade de executar isso.”

Morin, no entanto, disse que a decisão francesa, se fabricará um segundo porta-aviões, chamado de porte-avions 2 ou PA2, será tomada no final de 2012 ou começo de 2013. Até o momento, o Presidente Nicolas Sarkozy apenas disse que tal decisão poderia ser tomada em 2011 ou 2012.

Mas o dinheiro está curto, e as eleições presidenciais serão realizadas em 2012, existindo a probabilidade de que Morin tenha redefinido o nova data, disse um membro da defesa.

Privativamente, os membros da Marinha Francesa estão encantados com a possibilidade de os britânicos operarem porta-aviões convencionais, ao invés de um convés de voo projetado para aeronaves de decolagem vertical como o Sea Harrier.

Um oficial disse que leva algo como 25 anos para se aprender como operar um porta-aviões de verdade. “Eu ficarei feliz se isso for acelerado para 10 a 15 anos” disse o oficial. A Marinha da França, a qual opera com o porta-aviões Charles de Gaulle, poderia ajudar com o treinamento das tripulações britânicas.

A Marinha Francesa tinha estado sem utilizar o Charles de Gaulle por três anos após uma programada revisão do reator nuclear e um trabalho de revisão. Durante este tempo, os pilotos da Frota Aérea da Marinha da França voava nos EUA para manter-se com as horas de voo em dia.

As expectativas são altas de que os anúncios de uma cooperação militar sejam feitos durante o encontro Anglo-Francês no dia 2 de novembro, quando Sarkozy e o Primeiro Ministro Britânico David Cameron se encontrarão em Portsmout, na Bretânha.

Fonte: Defense News – Tradução: Cavok

Morre o ex-presidente da Argentina Néstor Kirchner


O ex-presidente da Argentina Néstor Kirchner morreu na cidade de Calafate depois de ter sido hospitalizado nesta quarta-feira após sofrer uma insuficiência cardíaca aguda, informou seu médico pessoal. Ele mantinha grande influência no governo da presidente Cristina Fernández de Kirchner, sua mulher e sucessora. Kirchner tinha sido operado em setembro de problemas cardíacos.

Fonte: AFP

Os americanos criaram o agente 171


A cena parece ter saído de um filme barato. Dois agentes americanos encrencam-se ao desembarcar num país tropical, têm seus passaportes apreendidos e são informados de que devem esperar pela decisão de um juiz. Na cena seguinte eles desaparecem. Como saíram do país? Coisa de heróis de filmes de segunda. Podem ter usado papéis inadequados. Também podem ter dado um daqueles telefonemas misteriosos, recebendo um envelope na portaria do hotel.

Não foi cena de filme. Aconteceu no Brasil. No dia 1º de outubro passado ocorreu um incidente durante o voo 128 da Continental Airlines que partiu de Houston para o Rio de Janeiro. Uma passageira (Fabíola Fantinato) desentendeu-se com as atendentes do serviço de bordo e a tripulação acionou os dois agentes da Transport Security Administration, a TSA, que viajam nas aeronaves americanas para prevenir desordens e até mesmo sequestros. Os policiais, Alan Doyle e Aaron Thomas, imobilizaram a passageira, algemando-a. Ela teria mordido um deles.

Ao desembarcar, os agentes entregaram a senhora à polícia do aeroporto, mas como ela dizia ter sido agredida e apresentara queixa, tiveram seus passaportes apreendidos. Segundo seu advogado, tinha sinais de violência nos seus braços, nas costas e no canto do olho esquerdo. Por ordem de um juiz federal, os agentes deveriam comparecer a uma audiência, marcada para a semana seguinte. A passageira é mulher do juiz estadual Marcos Fantinato.

No dia marcado, viu-se que os dois agentes evaporaram. Segundo uma versão que circula nos Estados Unidos, divulgada pela CNN, eles receavam ser constrangidos por conta do parentesco da senhora. Temiam um malfeito e, para evitá-lo, praticaram outro. Legalmente, não poderiam deixar o país sem os passaportes. Se saíram com documentos inadequados, é uma coisa. Se obtiveram papéis com as autoridades consulares americanas, é coisa pior. Em qualquer caso, se agentes estrangeiros fizerem coisa parecida nos Estados Unidos, seu governo ouvirá poucas e boas.

Talvez o embaixador Thomas Shannon não saiba, mas funcionários do governo americano já protegeram cidadãos encrencados com a Justiça brasileira.

Em 1966 quatro contrabandistas foram presos na Amazônia. Tinham contatos com um poderoso senador e armou-se um carteiraço. O general Vernon Walters, adido militar americano, foi instruído para levar o caso ao seu amigo marechal Castello Branco, presidente do Brasil. Pela narrativa do filho de Castello, dias depois as celas da Polícia Federal amanheceram abertas e os presos sumiram.

Até agora, o governo brasileiro fez de conta que não houve nada com os agentes da TSA. Há uma semana o ministro da Defesa, Nelson Jobim, esteve com Janet Napolitano, czarina da vigilância interna americana e assinou um acordo de segurança aérea. Segundo a assessoria da senhora, não trataram do sumiço. Pena, porque, no mínimo, os agentes iludiram os controles de aeroporto da Polícia Federal e debocharam de uma ordem judicial. No máximo, a embaixada americana, sabendo do ocorrido, contribuiu para a malfeitoria.

O escritor inglês Ian Fleming criou o agente 007, imortalizado por James Bond, com licença para matar. O governo americano criou os agentes 171, com licença para passar a perna nos outros.

Fonte: Folha

China prepara laboratório espacial tripulado até 2020


A China anunciou nesta quarta-feira que irá lançar dentro de aproximadamente dez anos um laboratório espacial adequado a uma ocupação humana prolongada, na esperança de se aproximar dos EUA e da Rússia como potências capazes de chegar à Lua.

A agência estatal de notícias Xinhua informou, citando uma fonte não-identificada do programa espacial, que um laboratório experimental será lançado antes de 2016, para testar equipamentos e técnicas. Mas não ficou claro se esse laboratório seria tripulado por longos períodos.

O programa usará tecnologias existentes, como o veículo espacial Shenzhou e o foguete de lançamento Longa Marcha 2F, disse a Xinhua, sem dar detalhes sobre o tamanho dos laboratórios planejados.

O laboratório espacial tripulado, segundo essa fonte, irá promover o progresso e a inovação científica do país, "melhorará a força nacional geral, e contribuirá de forma importante para a elevação do prestígio nacional".

A iniciativa não deve rivalizar em tamanho com a Estação Espacial Internacional, operada conjuntamente por Rússia, EUA e outros países. Mas o anúncio é um sinal da crescente capacitação tecnológica chinesa.

O governo chinês lançou este mês um segundo veículo orbital lunar e em 2008 se tornou o terceiro país a promover "caminhadas espaciais" de astronautas em órbita.

O país planeja fazer um pouso não-tripulado na Lua em 2012, e trazer amostras do solo lunar em 2017. Cientistas já falaram na possibilidade de enviar uma missão tripulada para lá depois de 2020.

Fonte: Reuters

Vitória no Afeganistão é impossível, diz ex-líder soviético Mikhail Gorbachov


O ex-líder da União Soviética Mikhail Gorbachov disse em entrevista à BBC que uma vitória das forças da Otan (aliança militar ocidental) no Afeganistão é impossível.

Gorbachev afirmou que os Estados Unidos não têm alternativa a não ser retirar suas tropas "se quiser evitar outro Vietnã".

O ex-líder elogiou a decisão do presidente americano, Barack Obama, de começar a retirada de soldados do país no ano que vem, mas disse que os Estados Unidos vão passar por dificuldades para resolver a situação.

"A vitória é impossível no Afeganistão. Obama está certo em retirar as tropas. Não importa o quão difícil isso será", disse Gorbachev.


"TREINAMENTO DE MILITANTES"

Como líder soviético, Gorbachev tomou a decisão de sair do Afeganistão depois de uma guerra de dez anos, em 1989.

Ele disse que, na época, um acordo foi alcançado com Irã, Índia, Paquistão e Estados Unidos.

"Nós esperávamos que os Estados Unidos respeitassem o acordo a que chegamos de que o Afeganistão deveria ser um país neutro e democrático, que teria boas relações com seus vizinhos e tanto com os Estados Unidos como com a União Soviética", disse Gorbachov.

"Os americanos sempre disseram apoiar isso, mas ao mesmo tempo eles estavam treinando militantes -- os mesmos que hoje aterrorizam o Afeganistão e cada vez mais o Paquistão."

Por causa disso, para o ex-líder soviético, seria mais difícil para os Estados Unidos resolver a situação do país hoje.

"Mas qual é a alternativa? Outro Vietnã? Mandar mais 500 mil soldados? Isso não funcionaria."

Segundo Gorbachev, o melhor que a Otan poderia alcançar seria ajudar o Afeganistão a se recuperar e se reconstruir após a guerra.

DEMOCRACIA NA RÚSSIA

Mikhail Gorbachov também disse, durante a entrevista, estar preocupado com a situação política atual na Rússia.

"Estamos no meio do caminho na estrada entre um regime totalitário e a democracia e liberdade. A batalha continua. Ainda há muita gente em nossa sociedade que teme a democracia e preferiria um regime totalitário."

Gorbachov disse que o partido do governo, liderado pelo primeiro-ministro Vladimir Putin, "está fazendo tudo o que pode para se afastar da democracia e se manter no poder".

Putin já teve dois mandatos consecutivos como presidente, o limite máximo no país, antes de se tornar primeiro-ministro em 2008. Ele já indicou que pode se candidatar novamente à Presidência quando o mandato do atual presidente, Dmitri Medvedev, terminar em 2012.

Fonte: BBC Brasil

EUA elogiam modelo de acordo nuclear Moscou-Teerã


Os Estados Unidos não viram problema no fato de o Irã iniciar ontem, com a ajuda da Rússia, o abastecimento do reator nuclear da usina de Bushehr, que deve começar a operar no próximo ano. Ao contrário, de acordo com os norte-americanos, isso deixa claro que o regime de Teerã pode ter acesso à energia atômica sem a necessidade de enriquecer urânio.

Segundo o acordo entre Moscou e Teerã, apenas combustível nuclear fornecido pela Rússia poderá ser utilizado na usina iraniana, que atrasou meses para ser inaugurada. O urânio enriquecido pelos iranianos não poderá servir como combustível para o reator. Caso contrário, violará os contratos assinados entre a Rússia e o Irã.

Além disso, não há como converter a usina para a produção de bomba atômica. O urânio usado em Bushehr foi enriquecido apenas a 3,5%, bem menos do que os 90% necessários para a bomba. Segundo autoridades iranianas, os fins são civis e buscam ampliar o uso de energia nuclear. "Este dia será lembrado porque é a data em que o reator começou a funcionar", disse em meio a celebrações Ali Akbar Salehi, chefe da Organização de Energia Atômica do Irã na usina.

Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado, P.J. Crowley, disse que "o fornecimento de combustível pela Rússia é o modelo que o Irã deveria seguir caso queira seguir com a sua ambição para energia nuclear civil". Segundo ele, "o que é mais interessante sobre Bushehr é que o Irã não precisa ter capacidade de enriquecimento doméstico caso suas intenções sejam meramente pacíficas".


Independência

O regime de Teerã discorda de que o modelo russo deva ser o único a ser seguido. Autoridades declaravam ontem que a meta é ter cerca de 20 usinas como Bushehr, capaz de produzir cerca de 1.000 megawatts, para aumentar o uso de energia atômica no Irã. Para alcançar este objetivo, os iranianos dizem ser necessário enriquecer internamente urânio, sem necessidade de depender dos russos.

Fonte: Estadão

RÚSSIA, PARCEIRO INDISPENSÁVEL?


Há visões muito diferentes, no seio da OTAN, sobre a necessidade e forma de fazer progredir o relacionamento com a Rússia. Como conciliar essas visões, sob a forma de uma política coerente, é um dos mais importantes desafios a que o novo conceito estratégico da Aliança deve responder.

A Europa divide-se entre duas posições extremas. Por um lado, os que continuam a olhar a Rússia como uma ameaça à sua segurança e vêm na OTAN a garantia da sua defesa. Por outro lado, os que procuram ativamente um entendimento com Moscou, sob a ideia de que não pode haver, verdadeiramente, uma segurança européia global sem a participação da Rússia; inclui-se nos argumentos deste grupo o papel que a Rússia pode ter na solução dos problemas energéticos da Europa, no médio prazo, pelo menos.
Mas não é apenas por estas diferentes visões no campo europeu que a questão do estabelecimento de uma parceria com a Rússia se tornou muito complexa. É também, em grande parte, pela posição da própria Rússia e dos EUA. Washington precisa, no seu próprio interesse, de melhorar o relacionamento com a Rússia, mas não se mostra disposto a alterar a essência da política de contenção da Rússia – evitar o regresso ao anterior estatuto de potência imperial. No entanto, também não subscreve os receios dos que avaliam a situação a Leste como prioritária para OTAN (são principalmente os três países do Báltico). Os EUA consideram importante a segurança a Leste, mas obviamente não vêem na Rússia uma ameaça à Europa. Pelo que se disse anteriormente, esta posição acaba por em nada ajudar a resolver a divisão entre os europeus.

A postura russa é a principal dificuldade. Logo, em primeira instância, porque nada tem feito - bem ao contrário - para ajudar a enterrar o passado do domínio soviético, para fazer esquecer as razões de queixa que as antigas Repúblicas da União e países satélites conservam desses tempos e impedir que essas lembranças continuem a interferir no futuro. Depois, porque a utilização que Moscou faz dos seus recursos energéticos tem frequentemente contornos de coação, em especial, na vizinhança próxima, aproveitando a dependência em alguns casos quase total que se verifica nesses países (100% em relação ao gás, no caso da Lituânia, Letônia e Finlândia, por exemplo).

Moscou quer uma nova arquitetura de segurança para a Europa. Alega o Presidente Medvedev, que a atual não permite resolver os conflitos com eficácia por excesso de fragmentação na forma como os europeus se relacionam internacionalmente, em matéria de segurança e defesa (OTAN, UE, OSCE, etc.). No entanto, as razões de fundo da sua proposta decorrem de não ter qualquer voz ativa nas duas primeiras instituições, as que, de fato, cuidam da segurança e defesa na Europa.

Moscou já concluiu que os instrumentos de participação que a OTAN lhe tem oferecido não lhe dão qualquer capacidade de participação efetiva, de ser ouvido, de ter influência no respectivo processo de decisão. Aceitou o que lhe foi proposto porque, estando impotente para parar o alargamento da OTAN, viu nos mecanismos que então a Aliança criou - primeiro o “Political Joint Committee” e depois o OTAN/Russia Council - alguma possibilidade de participação útil. Esta esperança levou um primeiro golpe com a crise do Kosovo e depois desapareceu com os alargamentos por que a OTAN passou, em particular, o de 2004 em que nove dos 12 membros admitidos vinham precisamente da área de influência soviética, nomeadamente, os três países do Báltico que constituíam o caso mais sensível para Moscou.

O que o Presidente Medvedev pretende precisamente ainda não se tornou claro, entretanto em avançado com uma proposta de Tratado. Presume-se, que agora, de forma mais realista do que no início deste processo, já não pretende substituir o que existe, nem tentar dissociar a participação dos EUA da defesa da Europa. Em alternativa, defende uma arquitetura que englobe as organizações existentes num novo quadro de compromissos, assente no princípio de que as medidas a implementar têm que ter em atenção os interesses de todas as partes. Refiro-me ao nº1 do artigo 2º da proposta apresentada, regra que, na prática e se aceita, introduziria o direito de veto a, por exemplo, um novo alargamento da OTAN, se a Rússia alegasse que afetaria os seus interesses.

Têm sido dado alguns passos para tentar demonstrar que a organização de segurança existente, incluindo as mudanças recentemente feitas, não está feita contra a Rússia; inclui-se aqui, por exemplo, a mudança de percurso decidida pelo Presidente Obama na área da defesa anti-míssil. Mas a verdade é que também não está a sendo feita com Moscou, pelo menos na óptica do Kremlin, como acima explicado. Aliás, a possibilidade, que continua em aberto, do alargamento da OTAN continuar e, eventualmente, incluir a Ucrânia deixa escassas as perspectivas de melhoria do relacionamento, e menos ainda o estabelecimento de uma parceria com finalidade prática, isto é, que permita aos europeus conseguir o que necessitam em troca do que possam ceder.

Não é este, no entanto, o problema central. A principio, uma parceria com a Rússia na área da segurança européia estará sempre limitada pelo fato desse setor estar centralizado em duas instituições (OTAN e UE) de que a Rússia não faz parte, e com as quais mantém apenas ligações muito tênues. Não se imagina que esta situação possa se alterar proximamente; há explicações dos dois lados que não permitem prever outro desfecho. Da parte da Rússia, porque não é essa a prioridade; como se viu acima, o objetivo de Moscou é a construção de uma nova arquitetura de defesa e não a sua integração na existente. Da parte dos aliados, porque a “desejabilidade” de participação da Rússia na segurança européia, embora consensual para vários países europeus, não tem força suficiente para levar o coletivo a alterar a política de “incorporação”, que tem sido seguida desde o fim da Guerra Fria, por uma estratégia de “integração” implicando a aceitação da inclusão da Rússia nos processos de decisão dessas duas instituições.

Não quer isto dizer que não existe margem de manobra para tentar mudar, de algum modo, esta realidade; existe alguma possibilidade no funcionamento do OTAN-Russia Council (ORC), mas sob condições. O Relatório do Grupo de Peritos refere a principal quando recomenda que a agenda da ORC passe a responder às preocupações de segurança de ambas as partes («Allies should work with Russia to ensure an agenda for the NRC that responds in a frank and forward looking way to the security concerns of both sides ...»). O NRC é o único mecanismo disponível para desenvolver formas de cooperação susceptíveis de se traduzirem por uma maior inclusão da Rússia e induzirem uma maior transparência no relacionamento, isto é, darem uma maior e mais eficaz dimensão ao esforço de “incorporação”. Há, portanto, que tentar dar continuidade a exploração de sua potencialidade, mudando o respectivo estatuto onde necessário.

Parece-me ser também sob uma perspectiva idêntica que a UE tem agora apreciado uma iniciativa da Chanceler Merkel e do presidente Medvedev para a criação do Euro-Russia Political and Security Committee (a qual a França e Polônia já aderiram). Vamos ter oportunidade em curto prazo de verificar até que ponto esta iniciativa européia poderá inspirar a OTAN para seguir um caminho semelhante.

Fonte: Jornal Defesa e Relações Internacionais

Adaptação: Angelo D. Nicolaci

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Mais caças F-5 EM para a Força Aérea Brasileira


Fontes da Força Aérea Brasileira (FAB) ouvidas pela reportagem de T&D neste domingo (24), confirmaram que os onze aviões de combate Northrop F-5E/F-5F Tiger II adquiridos usados da Jordânia e recebidos no ano passado serão modernizados para o padrão F-5EM/FM.

Durante o tradicional Domingo Aéreo no Parque, evento ocorrido ontem nas instalações do PAMA-SP (Parque de Material Aeronáutico do Estado de São Paulo), localizado no Aeroporto Campo de Marte, zona norte da capital paulista, puderam ser vistas as fuselagens de dois F-5F (bipostos) do lote recebido do país árabe em avançado estágio de revitalização. Segundo fontes ouvidas no local, os nove exemplares restantes (oito F-5E e um F-5F) também passarão pelo mesmo processo de revisão geral (IRAN – Inspection and Repair as Necessary) e posteriormente enviados para a unidade da Embraer instalada em Gavião Peixoto (SP), para serem submetidas à modernização.

A reportagem de T&D apurou ainda que a aceleração da revitalização e modernização dessas onze aeronaves de combate tem ligação com os planos de desativação dos doze Mirage 2000C (F-2000) em operação no 1º GDA, marcada para acontecer em 2013. A retirada precoce dos caças franceses do serviço ativo na FAB tem como principal motivo as dificuldades verificadas nas operações de manutenção de seus motores. Os onze F-5EM/FM modernizados provenientes do lote jordaniano deverão servir como tampão até que o 1º GDA receba um novo modelo de avião de combate para substituí-lo.

O programa de modernização dos F-5 EM/FM da FAB já envolveu 46 aeronaves de sua frota, sendo que projeções feitas por especialistas que trabalham no processo indicam que os primeiros sejam desativados somente no final da próxima década.

Fonte: Tecnologia&Defesa via Plano Brasil

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Novo "Tigre" para o Exército Russo e a Polícia Militar do Rio de Janeiro


Uma nova versão do veículo blindado russo "Tigre" foi anunciada pela GAZ. A versão atualizada conhecida como "Tigre-M", será apresentado na Interpolitex 2010, que ocorrerá entre os dias 26-29 de outubro.

O carro foi redesenhado para eliminar os defeitos identificados durante os testes das versões anteriores, bem como aumentar o desempenho dos tigres. O "Tigre-M" tem um motor diesel multi-combustível YMZ 5347-10 turbo e intercooler com uma potência de 215 cv de potência, nas versões anteriores a potência era de 205 cv. Outra melhoria é a proteção balística do motor, que foi aumentada, novo conjunto de diferencial Blocante,novo sistema de freio, novo sistema de ar-condicionado, o número de bancos passou de 6 lugares do modelo de 2005 para 9 lugares no novo modelo.


O GAZ "Tigre-M" pode atingir a velocidade de 140Km/H, além de possuir nova configuração, com novas "escotilhas" nas laterais para uso de fuzil pela tripulação, escotilha no teto além dos vidros das portas como nas versões anteriores. Ainda há versões do modelo "M" designadas SPM-1,MTA-1 e um na versão de Comando.


De Olho no Brasil

Em fevereiro de 2010 o "Tigre" começou a ser testado no Brasil pela Polícia Militar do Rio de Janeiro. A avaliação esta sendo feita pelo BOPE/PMRJ, o Batalhão de Operações Policiais Especiais, a famosa tropa de elite da polícia fluminense. O "Tigre" será usado no patrulhamento ostensivo e operações táticas, onde irá dividir espaço com os demais blindados da corporação, possuindo o Tigre dimensões mais adequadas para este uso que seus antecessores. De acordo com os resultados da avaliação, pode ser fechado um contrato para aquisição em grande escala deste veículo para a Polícia Militar, e a criação de uma joint-venture com a industria nacional para a produção deste veículo aqui no Brasil, assim espera a Rosoboronexport, empresa responsável pela comercialização de equipamentos militares da Rússia.


A nova versão do "Tigre" ao que tudo indica já recebeu algumas das melhorias identificadas pela avaliação brasileira, afinal este tende a ser o maior cliente deste veículo russo.


Por nosso correspondente Rustam direto da Rússia

Tradução,adaptação e complementação: Angelo D. Nicolaci

GeoPolítica Brasil

Mecton: MAR-1 - Tecnologia Nacional


O míssil MAR-1 (Míssil Anti-Radiação), teve seu desenvolvimento iniciado em meados do ano de 1998, tendo as primeiras fases do projeto sendo executadas pelo CTA (Centro Técnico Aeroespacial) com o objetivo equipar as aeronaves A-1 (AMX) da FAB (Força Aérea Brasileira). O míssil foi concebido para prover nossa força Aérea com uma arma capaz de destruir sistemas de defesa anti-aérea, além de alvos marítimos e terrestres.

Atualmente, de acordo com informações da FAB, o míssil já teria passado pelo teste de separação com a aeronave A-1B do GEEV(Grupo Especial de Ensaios de Vôo).

A principal barreira a ser superada no desenvolvimento desta arma foi o seu sistema de navegação (Plataforma Girométrica), sistema antes inexistente no país. Assim surgiu a necessidade de importação do mesmo, porém, esta tecnologia é considerada sensível e os países que a dominam não praticam a transferência de tecnologia ou a venda deste tipo de equipamento a qualquer país que esteja interessado em comprá-la.

No período de 8 a 12 de dezembro e 2008, foram realizados ensaios em vôo de um Bloco Girométrico Tri-axial (BGT), composto por três Girômetros a Fibra Óptica (GFO), desenvolvidos como resultado do Projeto GIROMAR coordenado pelo IEAv com a participação da empresa OPTSENSYS.

O BGT é um subsistema essencial à navegação do míssil anti-radiação MAR-1, desenvolvido pela empresa MECTRON. Os ensaios em vôo do BGT incorporado ao míssil MAR-1 foram realizados pelo GEEV, durante os primeiros ensaios de vôo cativo desse míssil em aeronave A-1 da FAB.

Testes de funcionamento e operacionalidade foram realizados durante e após a integração do BGT, os quais mostraram o sucesso na integração. Adicionalmente, os testes de funcionamento e operação realizados com o BGT após a série de vôos cativos mostraram o perfeito funcionamento dos GFO, demonstrando o sucesso nos ensaios de vôo cativo.

Desta forma, surgiu a necessidade de se desenvolver a partir do “zero” um Bloco Girométrico miniaturizado a Fibra Óptica com três eixos ortogonais, que fornecia ao computador de bordo todos os parâmetros necessários junto de seus acelerômetros para controle do míssil, garantido assim sua confiabilidade e precisão.

Outros obstáculos também tiveram de ser superados, como a cabeça de busca, que originalmente seria importada dos EUA mas que tiveram de ser desenvolvidas por empresas/órgãos nacionais, devido ao embargo do governo americano sob a alegação de que “não é interessante para a defesa americana o Brasil introduzir armamentos anti-radiação nessa região”.

Posteriormente ao desenvolvimento destas tecnologias em solo brasileiro, cenários simulados provaram que a cabeça de busca do MAR-1 teria a capacidade de detectar um radar de baixa potência a distâncias superiores a 500 km, no entanto, é bastante provável que estejam sendo desenvolvidas 2 cabeças de busca, sendo que cada uma opera em faixas distintas de freqüência, segundo fontes ouvidas pelo Plano Brasil, estas possibilidades ficarão disponíveis e a critério da FAB, que poderá escolher o sistema que melhor localizaria o alvo a ser atacado.

Informações iniciais sugeriam que o míssil teria um alcance efetivo de 25 km, porém estas informações foram logo desmentidas pela própria Mectron alegando que afirmava:

“Isto está totalmente fora da realidade, são dados de um estudo aerodinâmico que não foram atualizados.

O alcance atual, demonstrado em testes, é muito, mas muito maior que isso, e vamos melhorá-lo ainda mais.

Para que se possa ter uma idéia, há pouco tempo efetuamos um teste com um novo motor que era tão potente que derreteu o bocal de exaustão e a porção traseira do míssil, fazendo com que tivéssemos que reprojetar tudo. Agora, um número real e definido eu não posso fornecer. É sigiloso”…

Sua espoleta de proximidade foi desenvolvida pela empresa Opto Eletrônica, que além de fornecer equipamentos para o MAR-1, fornece também lentes, espoleta de proximidade e espelhos para os mísseis MAA-1 e MAA-1B.

O desenvolvimento desta arma permitiu a criação de 6 setups (modo de operação) que podem ser empregados na versão final do míssil, entre estes 6 modos, destacam-se aqueles que fazem a busca autônoma de alvos realizada pela própria cabeça de busca, que automaticamente capta as emissões eletromagnéticas em seu campo de visão e as classifica como “amigas” ou “inimigas” e as apresenta para o piloto, que faz a seleção do alvo, ou pode –se contar também com uma ampla biblioteca na memória do míssil para localizar um alvo em específico dentre os demais.

Desta forma, cabe apenas a FAB selecionar quais destes set ups serão devidamente incorporados e quais serão descartados.

Tendo em mente tais características do míssil, a FAB vai empregá-lo em aeronaves de alto desempenho contra radares diretores de tiro ou radares de vigilância, porém persiste a dúvida sobre o provável emprego do míssil como arma anti-AWACS, algumas fontes citam a capacidade Ar-Ar do míssil que poderia ser empregue contar aeronaves de alerta antecipado.

Seu real alcance é desconhecido, algumas fontes apontam para valores da ordem de 75 km de alcance, visto que o míssil sofreu várias alterações em seu projeto inicial, como a instalação de um motor mais potente, citado anteriormente.

Seu guiamento é do tipo passivo, sua espoleta é ativa a laser, tem um peso total de 274 kg, com a cabeça de guerra pesando na ordem dos 90 kg, tem um comprimento total de 4030 mm, um diâmetro de 230 mm.

O ângulo de visada é de aproximadamente 60º, fazendo com que a angulação de apresentação seja executado pelos lóbulos laterais da antena do radar alvo, com uma velocidade compatível entre Mach 0,5 e Mach 1,2.

Existem no mercado poucos mísseis semelhantes ao MAR-1, entre eles, destacamos o Shrike (EUA), Standard Harm (EUA), Alarm (Inglês) e o Armat (Francês).

Recentemente, um lote de 100 mísseis foi vendido ao Paquistão, em um negócio orçado em aproximadamente 85 milhões de dólares, cabe ressaltar que a versão comercializada internacionalmente difere da versão brasileira, tanto em autonomia, como em alcance de detecção entre outros perfis técnicos.

Este negócio causou um certo mal estar em relação a Índia, parceira do Brasil no bloco econômico BRIC’s, porém uma reunião extraordinária da CAMEX (Câmara de Comercio Exterior) aprovou a venda dos mísseis para o Paquistão, justamente na mesma época da reunião a Índia acusava o governo do Paquistão de responsabildiades nos atentados de Munbai.

Nesta altura um recuo do governo Brasileiro em relação a venda poderia ter sido um tiro no próprio pé, como muito bem atribuiu o ministro da defesa Brasileiro, Nelson Jobim:“O negócio é com o governo paquistanês, e não com terroristas do Paquistão. Se cancelássemos o negócio, estaríamos atribuindo ao governo paquistanês atividades terroristas.”.

Como parte do acordo entre Brasil-Paquistão a parte Paquistanesa iria direcionar investimentos na área de produção do míssil, aumentando a escala de produção da Mectron de apenas 1 unidade mensal para aproximadamente 5 unidades mensais, garantido assim o suprimento deste armamento para as forças aéreas de ambos os países.

Como é óbvio, este tipo de míssil concede a Força Aérea Brasileira certa supremacia tecnológica em relação aos demais países da América do Sul, pois equipamentos similares a este são exclusivos a poucos países, desta forma ,a indústria nacional vai garantindo assim a integridade da soberania nacional.

A arma desenvolvida pode ser classificada como em estado-de-arte, a Força Aérea e a Mectron atingiram um nível considerável com este tipo de desenvolvimento.

Entretanto, não se deve deixar a “carroça passar”, faz-se necessário partir para novos projetos que garantam a futura independência de fornecedores externos, é necessário nacionalizar todos os componentes utilizados nestes mísseis e em outros quaisquer que sejam desenvolvidos.

Versões mais modernas e com capacidades acrescidas devem vir sequencialmente dando continuidade aos desenvolvimentos alcançados no MAR-1, preenchendo assim a necessidade de se ter Forças Armadas efetivamente capazes de cumprir as suas atribuições constitucionais.


Autor: Lucas Urbanski - Plano Brasil parceria GeoPolítica Brasil

Colômbia e EUA passam a nova fase de relações bilaterais


Colômbia e Estados Unidos levaram nesta segunda-feira as relações bilaterais para uma nova fase, incluindo na agenda diplomática assuntos diferentes da luta contra as drogas e o terrorismo, como direitos humanos, energia e ciência e tecnologia.

Os novos itens na agenda política bilateral foram discutidos em reunião entre o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, e o subsecretário de Estado americano, James Steinberg, durante uma audiência na Casa de Nariño, sede do Executivo colombiano, em Bogotá.

A visita de Steinberg à Colômbia "é muito importante, porque é o início de um replanejamento entre os dois países quanto a suas relações", afirmou Santos em declarações feitas à imprensa na sede do Governo.

É um replanejamento que busca que "Estados Unidos e Colômbia se transformem em verdadeiros parceiros estratégicos em muitos temas tradicionais e outros temas novos", acrescentou o governante, que já havia discutido a nova agenda durante encontro no mês passado com seu colega americano, Barack Obama, na sede das Nações Unidas em Nova York.

O acordo deu lugar ao chamado Diálogo de Alto Nível Colômbia-Estados Unidos, que reuniu hoje uma delegação de 45 altos funcionários americanos com seus homólogos ou equivalentes colombianos, no Ministério das Relações Exteriores em Bogotá.

Steinberg lidera esta missão, da qual também fazem parte o subsecretário para Assuntos do Hemisfério Ocidental, Arturo Valenzuela, e o embaixador americano em Bogotá, Peter Michael McKinley.

O novo roteiro marcado pelos dois Governos "deve ser a oportunidade não somente para melhorar a relação entre Colômbia e Estados Unidos, mas também na região", ressaltou Steinberg.

"À medida que continuarmos com este novo diálogo, seguiremos enfatizando no combate às drogas e à criminalidade, que nos últimos anos foi tão bem-sucedida", afirmou Steinberg, que chegou no domingo a Bogotá.

O subsecretário de Estado ampliou sua definição deste replanejamento nos laços bilaterais após inaugurar, junto à chanceler colombiana, María Ángela Holguín, o Diálogo de Alto Nível, que terá uma segunda rodada no primeiro semestre do ano que vem, nos Estados Unidos.

"Esta visita representa uma nova fase da relação entre as duas nações, na qual se continuará a ênfase pela segurança e contra as drogas, mas se ampliará para outros temas de interesse comum", destacou Steinberg.

Fonte: EFE

ONU vota pela 19ª vez resolução contra embargo dos EUA a Cuba



Os 192 países-membros da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) votarão novamente nesta terça-feira uma resolução de condenação do embargo comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos a Cuba há quase 50 anos.

A reunião será a 19ª ocasião consecutiva na qual o governo cubano apresenta na ONU um projeto de resolução para pedir o fim das sanções americanas contra a ilha.

No ano passado, uma resolução similar foi aprovada com os votos favoráveis de 187 países, três contrários (EUA, Israel e Palau) e abstenções de Ilhas Marshall e Micronésia.

Para a rodada de votação desta terça-feira, espera-se um respaldo parecido da comunidade internacional ao documento que será apresentado pela delegação cubana, que será liderada pelo chanceler Bruno Rodríguez.

Na apresentação de um relatório sobre os efeitos do embargo em Havana, no mês passado, o titular de Exteriores cubano lamentou que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, tenha ficado "muito abaixo das expectativas" criadas sobre uma possível mudança na política de seu país para com a ilha caribenha.

Rodríguez ressaltou que considera Obama um "político inteligente e honesto" que, devido a prováveis razões de política interna, mantém o bloqueio que "afasta os Estados Unidos de seus interesses nacionais e trai os melhores interesses do povo americano".

O chanceler destacou que seu país "trata o presidente Obama com todo respeito". No entanto, ele criticou que, após ter anunciado uma mudança de política para Cuba e prometido que ouviria seus aliados, a política de Obama se traduz em "um abismo entre seu discurso e seus atos em relação a Cuba".

Segundo o relatório do governo cubano, o embargo imposto em 1962 acarretou danos econômicos diretos ao povo cubano de US$ 100 bilhões a preços correntes, que equivalem a US$ 239 bilhões tomando como base a inflação de preços no varejo americano ou de US$ 751 bilhões ao se medir em termos da cotação do ouro no mercado internacional.

O documento também contesta a impossibilidade, por causa das sanções, de adquirir placas de iodo radioativo, temozolamida e contraste iodado não-iônico.
Segundo o texto, isso faz com que os tratamentos contra câncer e outras doenças sejam muito mais custosos para o regime cubano e menos precisos, algumas vezes pondo em risco a saúde dos pacientes e particularmente das crianças.

Obama, durante sua campanha presidencial, havia declarado intenções de melhorar as relações entre EUA e Cuba, frente às várias medidas de embargo contra Havana impostas por Washington entre 1959, quando Fidel Castro assumiu o governo da ilha, e 1962, pior momento histórico da diplomacia bilateral.

A votação desta terça-feira ocorre um dia depois da decisão adotada pelos ministros de Exteriores da União Europeia (UE) de estabelecer contatos políticos com Cuba e começar a explorar vias para uma nova aproximação com a ilha.

Fonte: EFE Plano Brasil e Geopolítica Brasil.

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