quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Três candidatos na mesma arena

O confronto entre Serra, Dilma e Marina teve como palco a Conferência do Clima. E ninguém se entendeu sobre se o Brasil deve financiar ou não o combate ao aquecimento

Denize Bacoccina

 foto: Dinheiro 23/12/2009 Repr odução TV Globo
Três candidados, várias propostas: José Serra, Dilma Rousseff e Marina Silva ergueram a bandeira ambiental em Copenhague, de olho na corrida eleitoral de 2010, mas não se entenderam ao falar sobre a origem e a quantidade dos recursos para o combate ao aquecimento global

Era para ser a estreia da ministra Dilma Rousseff no palco das grandes decisões políticas mundiais, daquelas que entram para os livros de História. Mas a ministra, que só recentemente se converteu às preocupações ambientais, não conseguiu brilhar em Copenhague, na 15ª Conferência da ONU sobre o clima, como pretendia o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao colocá-la como chefe da delegação brasileira. Pega de calça curta num tema que não domina, e que até pouco tempo atrás combatia como contrário ao desenvolvimento, a ministra teve que enfrentar a concorrência de outros dois presidenciáveis. O que se viu é que a capital da Dinamarca ficou pequena para os três candidatos. E, pelo menos nos temas ambientais, os dois da oposição se saíram melhor. A senadora Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente, que deixou o governo justamente após disputas com a ministra pela liberação de obras do PAC, chegou a Copenhague a convite da ONG norueguesa Rainforest Foundation. Deu palestras e entrevistas e propôs que o Brasil contribuísse com US$ 1 bilhão para o Fundo Verde, fundo em discussão para financiar o combate ao aquecimento global. O governador paulista José Serra levou na bagagem o programa de redução de emissões no Estado de São Paulo, defendeu a proposta de Marina e ganhou o apoio do governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, pioneiro na legislação ambiental mais rigorosa nos Estados Unidos. Além disso, marcou posição em defesa do etanol.

Já Dilma ironizou a proposta de Marina. Disse que US$ 1 bilhão do Brasil seria pouco, dada a dimensão do problema e a estimativa da ONU de que seriam necessários cerca de US$ 200 bilhões para combater o aquecimento global até 2030. "Um bilhão não faz nem cosquinha. Os valores estão em torno de US$ 120 bilhões, US$ 150 bilhões, até US$ 500 bilhões. A gente não pode só fazer gesto. O que a gente tem que fazer são medidas concretas", justificou a ministra. Dilma perdeu a oportunidade de pegar carona na popularidade do presidente Lula, que na quinta-feira 17 prometeu que o Brasil vai investir US$ 160 bilhões até 2020 em ações para combater o aquecimento e cumprir a meta anunciada há um mês de reduzir as emissões em até 38,9% nos próximos dez anos. "O Brasil participa desta Conferência com a determinação de obter resultados ambiciosos. Mas a ambição tem de ser compartilhada com todos. As fragilidades de uns não podem servir de pretexto para recuos ou vacilações de outros", afirmou o presidente. A recusa da ministra Dilma abriu espaço para os adversários. "Dilma não entendeu o significado da proposta. A ideia é criar um constrangimento moral para que países ricos percebam suas responsabilidades. Aqui não adianta falar alto, é preciso saber a forma de negociar", espetou Marina, que já chefiou várias delegações quando era ministra e é provavelmente uma das pessoas mais experientes em meio ambiente entre as centenas de brasileiros que estão em Copenhague. "Vim para a Dinamarca para dizer que o Estado de São Paulo está preparado para ser parte da solução e espero que os chefes de Estado aqui reunidos façam o mesmo", disse o governador Serra, defendendo o uso do etanol misturado à gasolina para reduzir as emissões em todo o mundo.

A politização do tema não ocorreu por acaso. Foi planejada pelo presidente Lula quando ele escolheu Dilma para chefiar a delegação brasileira, em vez do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, como seria natural. A surpresa foi o mau desempenho da candidata. Ela já mostrou seu despreparo quando cometeu um ato falho, logo no início da semana, ao dizer o contrário do que pretendia.

"O meio ambiente é, sem dúvida nenhuma, uma ameaça ao desenvolvimento sustentável. E isso significa que é uma ameaça para o futuro do nosso planeta e dos nossos países", afirmou a ministra, num descuido que pode mostrar seu verdadeiro pensamento sobre o tema. "Para os que estão iniciando, é muito importante ficar atento para não fazer confusões", disse Marina Silva. Dilma escapou por pouco de receber o prêmio Fóssil do Dia, entregue pelas ONGs aos que atrapalham as negociações do acordo. Foi salva pelos ambientalistas brasileiros, que avaliaram que o prêmio poderia prejudicar a ministra nas negociações. "Dilma se converteu politicamente, mas não domina a problemática. Teve uma atitude oportunista. Não foi bom para o Brasil ter Dilma como chefe da delegação, quando todo mundo sabe que o Brasil mudou de posição a partir do empenho do ministro Carlos Minc", disse à DINHEIRO o cientista político Eduardo Viola, professor da Universidade de Brasília. A mudança de posição do governo brasileiro se deu com a troca de Marina Silva do PT pelo PV, em agosto, que colocou o tema meio ambiente na agenda presidencial. Foi isso o que fortaleceu a posição de Minc dentro do governo e levou o presidente Lula a anunciar a proposta brasileira de redução de emissões. "A entrada de Marina foi decisiva para que Minc, que estava quase caindo do governo, se fortalecesse. Lula percebeu, num determinado momento, que seu prestígio dependia disso", afirmou Viola.

 foto: Dinheiro 23/12/2009 Repr odução TV Globo
Lula: "O Brasil participa com a determinação de obter resultados ambiciosos. Mas a ambição tem de ser compartilhada"

Apesar da incerteza sobre a concretização de um acordo de longo prazo para reduzir as emissões, na quinta-feira já havia promessas de recursos para este fim. Com o aquecimento global e o aumento do nível dos oceanos, muitos países- ilha, como Tuvalu, no Pacífico, correm o risco de desaparecer. Outros querem ajuda para se desenvolver numa economia com baixa emissão. Os EUA, cautelosos nas metas de redução de emissão, surpreenderam ao propor a criação de um fundo de US$ 100 bilhões. O mexicano Fernando Tudela, negociador-chefe do México, defende a contribuição de todos os países. "Há responsabilidades diferenciadas, mas comuns. Achamos que é uma atitude ética aceitar uma parte da responsabilidade", afirma. Se a tese vingar, Dilma pode se arrepender de ter fechado os cofres brasileiros a um interesse coletivo, que é global.

Fonte: Revista Isto é Dinheiro.

Um comentário:

  1. A educação na cidade de Tenório, tendo em sua administração o Secrretário Vanildo Batista Gomes, visa aprimorar o indivíduo de acrodo com as Leis de Diretrizes Básicas da Educação Nacional que tem como objetivo preparar o indivíduo para o mundo do trabalho, coo também consiente de si,crítico da realidade no que diz respeito a sua comunidade e, principalmente das questões políticas que envolve o cotidiano nacional do nosso paí e do mundo.
    Tais informações basearam-se em pesquisa feita por minha própria pessoa em contatos com cidadãos tenorenses que emigraram para cá, São Paulo, nos últimos tempos em busca de uma oportunidade de empregos.
    A educação atual dessa cidade vem quebrar com a educação tradicaional que tinha nos seus administradores um princípio para benefiicar as oligarquias políticas locais que, recentimente, entraram em degradação política.
    Coma a sua experiência acadêmica, creio que no espaço curto de tempo, Vanildo expandirá um maior número de cidadãos tenorenses nas universidades públicas da paraiba.

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