quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Mensagem ao Educador


Prezado educador (a);

Há pouco tempo, fomos à escola como aluno, hoje, vamos como educador. Nessa trajetória educativa, guardamos muitas memórias e tenha certeza de que as mais bem cultivadas, lembradas e contadas são as que fizeram bem ao nosso espírito. Dessas, uma que zelamos com carinho é a imagem daquele mestre ou mestra que nos educou poeticamente, em torno de uma metodologia acompanhada de um jeito especial que na recordação dessa “peça rara” não temos palavras para descrevê-la, pois para nós é algo indizível que muito representa e guardamos bem do lado do nosso peito, ou seja, no nosso coração.

Recordo sempre desses mestres, que, infelizmente, não são muitos quando vejo ao filme “A língua das mariposas” do cineasta José Luis Cuerda. Neste, tomamos conhecimento de um mestre que retoma em nossas vidas a imagem do professor a que venho me reportando. Inicialmente, o aluno teme em ir à escola, visto que temia ser reprimido diante do que acontecia no seu contexto social e passou toda a noite hipotetizando situações em que poderiam se realizar. No entanto, o dia tão sonhado é chegado: para a escola o aluno vai e acolhe uma realidade totalmente discrepante a pensada. O aluno é contagiado por um mestre encantado, sensível ao dia-a-dia do educando, aberto às inovações e a investir em sua formação pessoal; elementos nos quais geram prazer no aluno pela escola e muito mais pelo seu mestre que se torna amigo de todos e da sua família.

Dentre a breve exposição do filme, o qual em nossa opinião deverá ser assistido por todo docente, convido-lhe a juntamente comigo a fazermos uma reflexão diante dos questionamentos, a saber: o mestre que imaginava encontrar e ao encontrá-lo é o mesmo que procuro ser e testemunhar na escola que trabalho? Penso sempre na condição preocupante que acompanha nossos estudantes à escola, no que diz respeita à interação professor-aluno? Será que me apresento na escola e em sala de aula com o perfil do professor do filme evidenciado?

Vejamos, para ser um bom mestre deveremos adicionar a nossa dimensão profissional os pontos acentuados que fizeram daquele mestre um professor admirável, mas para tanto precisamos educar com amor, dividir o tempo de administração do conteúdo programático para que escutemos o nosso aluno, acolhamos os seus conflitos e possamos dizer-lhe que ele é capaz, ultrapassará montanhas e terá condições de usar as pedras que emergirem nessa caminhada na construção do homem e da mulher que pretende ser a partir da educação que forjaremos. Muitas vezes, direcionar um tempo para essas circunstâncias, torna-se mais salutar do que insistir com o estudo da Região Nordeste, leitura e interpretação de uma crônica de um aluno desmotivado para essas aprendizagens.

Lembra amigo professor (a), que nesse novo momento que a escola precisa oferecer, permitiremos que nosso alunado acolha um sorriso, escute uma palavra, sinta a expressão de um afeto que gostaria de acolher em seu lar ou na sua comunidade que muitas vezes não lhe oferecem porque também não foram dignas de acolherem.

Compreendo as dificuldades que os mestres vêm enfrentando, até porque sou um mestre também. É notória a insatisfação expressada em torno de diferentes depoimentos por cada um quando nos encontramos e dialogamos em eventos formais ou informais. Diante disso, lembro de que o mestre do filme vivenciava também as suas adversidades peculiares, mas sociais também. No entanto, não deixava-se contagiar por essas e alicerçava o trabalho didático-pedagógico em torno de algo que vivia e em nenhum momento transparecia que eram os responsáveis por lhe tornar fascinado em exercer o ofício de ser professor. E, como prêmio era reconhecido, amado e recordado como um bom educador.

O tempo passa. Muitas vezes nem paramos para pensar nos resultados ou efeitos do nosso pensar, falar e agir e depois de um certo tempo, tomamos conhecimento de que tudo isso serviu para contribuir na formação de um homem e uma mulher que se tornaram bons pais, amigos, profissionais e pessoas no âmbito social onde vive. Resultado esse que obscurece para o outro as razões que favoreceram para tanto, todavia é avivido na lembrança e muito mais no coração a imagem e o testemunho daquele ou daquela que fez da educação uma missão e colaborou para formação daqueles.

Comece mais um ano instigado pela realidade fictícia que torcemos que se concretize a partir de você. E seja também mais um mestre a educar de modo que ocupe o coração e a lembrança de quem acolherá o bom trabalho que desempenharás neste ano letivo de 2010.

Realidades sistematizadas sempre se apóiam e são forjadas mediante idéias ou testemunhos que acolhemos dos mais diferentes suportes textuais, tipo o DVD que registrou o belo filme “A língua da mariposa”.

Deus abençoe nossa missão didática.

Vanildo Batista Gomes.

Secretário Municipal de Educação, Cultura e Desportos

Tenório-PB.

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